Mente muda e coração calado
vou sentindo o cheiro do frio
esse susto arrepiado ao se despir para qualquer coisa
como recolhimento suspenso no ar.
Talvez o aroma seja de memória
par de cor de mexerica
sussurrando o doce queimado na panela.
Essa vontade de fazer ninho
e se empacotar em manta dormida.
Se alongar perdendo a hora
no enroscamento de um abraço encaixado
de preguiça assumida.
No gengibre vou me afundando
com mel, louça e limão
enquanto o vento manso de cantoria se estende pela beira.
Estampada em som verde
fixo meu olhar atento
pra ver se consigo resposta de alento
criação ou valentia.
Casulo de reconhecimento
aquecido por amor próprio
vou ensaiando o meu sustento
de brasa em ar, movimento.